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.:Silêncios:.

S
Os factos são sonoros. O que importa são os silêncios por trás deles



Clarice Lispector

Deslimites da Palavra

Este poema pertence a um livro que eu realmente recomendo. É de um poeta que subverteu a linguagem de uma forma sutil e não palavrosa de uma modo até então inusitado pra mim, pois ele é absurdamente simples...
confiram:


3.4
O azul me descortina para o dia.
Durmo na beira da cor.
Vejo um ovo de anu atrás do outono.
...................................
(Eu tenho amanhecimentos precoces?)
...................................
Cresce destroço em minhas aparências.
Nesse destroço finco uma açucena.
(É um cágado que empurra estas distâncias?)
A chuva se engalana em arco-íris.
Não sei mais calcular a cor das horas.
As coisas me ampliaram para menos.


Manoel de Barros, de Os Deslimites da Palavra In: O Livro das Ignorãnças

Fragmentos do diário dela (2)

Eu, você, João
no mundo dissonante que tentamos iventar...