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Tanto amor, que fere e cansa

Tuas mãos, em minha pele navegam com a desnidade apeas destinada à água marinha. Me ordenas, te sigo. Olhos vendados, tua passada me guia nos desvãos tortuosos de nossas horas...Porque continuo? não o saberia dizer. nem tu tampouco me dás resposta alguma. Abismo de ausências, cintilações do impossível. Teus olhos.
. oa amantes, magritte
Naufragamos juntos o tempo escorrido. Que fizemos? ninguém saberia olhar para nós, estamos sem espelhos neste apartamento vazio. Apenas a música nos ensina o trajeto oblíquo e a difícil geometria de nossos corpos. Seara deserta de sonhos. Em nós só habita desejo. Abandonados estamos. Cais vazios nas manhãs brancas.
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Apenas a vida em nós pulsa. Vertente de anseios. Exclusiva rede que a nós abriga.
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Jana Kirschner

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