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olhos de borboleta

Há pequenas sutilezas na vida, coisas que às vezes não ousamos tocar. Água matizada pelo perfume raro do cânhamo.
Tantas coisas perto, e os olhos cegos. Tateando às escuras, perdemo-nos por labirintos de pedra e mudez; construídos com um ritmo apressado. Não atentamos à urgência com que as coisas frágeis se dissolvem...
Às vezes toco o chão de terra molhada com as mãos. Entra em mim aquela quentura materna, percorrendo poros, um êxtase vegetal, de quem ouve a voz das árvores no vento.
É o exercício da delicadeza. Parar alguns minutos do dia e dar atenção ao ritmo cadenciado de seu coração, compassado com o brotar das margaridas nos campos.
Há luz em toda parte. Basta ver diferente. Enxergar a vida com olhos de borboleta.
Jana Kirschner

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